4.12.08

“Serás outra vez montanha”.

Cigarros de filtro amarelo. Sons na vitrola. Trinta anos. Quinze anos. Tantos anos...
Algo volta, alguém volta. Alguém sempre volta aos lugares onde um dia foi feliz: “a los viejos sitios donde amó la vida”. Ao fundo de si. Às sementes do loureiro no quintal. Ao quintal com pés de sonho.
Partir, voltar. A mesma reta. As mesmas curvas. A mesma impressão do que não foi quando já se foi. A mesma vontade de outrora. Nós, outros. Nosotros, nunca mais. Como nunca mais ouvirão o seu cantar, quando o meu, contigo aprendi. E ainda ecoam, o meu e o teu, pungentes.
Um nome esquecido nas quebradas, inteiras, bipartidas, nas partidas, nas perdas - porque sempre perdemos, aqui. Que ganhamos além, na longa estrada, onde esperamos eternamente os ciganos passarem com medalhas e adivinhações. Decifrando linhas, da vida, da sorte, do amor, de amores.
Vida vã, vida sã, vida insana, vida recorrente, efêmera, eterna em um minuto. Soçobro. De ti sobra, só, lembrança, indelével nos matizes de todos os entardeceres onde caibam devaneios, nostalgias e anúncios de acordes para a madrugada. Que contará a triste história das estátuas – como na canção – que não podem sair juntas nunca. Que não riem porque nunca tiveram infância.
Madrugada em que, silencioso e ausente, sempre estará: ‘sensível como a chuva e profundo como a Paz’.

Nenhum comentário: