21.1.09

Parar,



sim, há que parar.
Quando o mundo em volta ferve, o sentido se perde, a crença se esvai, o tempo mingua. De ponta-cabeça, plantio involuntário de bananeiras, curral de bichos-carpinteiros, grilos, pulgas percorrendo o espaço posterior das orelhas, o teto indo ao chão, o chão, ao teto... hora de parar.

Sim, parar pode ser sábio.
Parar total, parar geral, parar local e internacional. Parar federal. E institucional, que deveria ser instituído o dia do Paro, como se ensinava no colégio o dia do Fico, para o bem de todos e felicidade geral.
Que contemplação, em pitadas, só faz bem.

Raro ser possível, mas quando, exercer sem dó a arte de deitar na rede, balançar, parar.
Não ir ao extremo com os que fazem da vida um eterno paro. Sim, pois os há. Como também há os do eterno fico, e outros mais de um eterno vou, de um eterno parto (ambigüidade aí inclusa, e trema, também, como queira. Não querendo, não trema, que o freguês ainda tem até 2012, disseram, pra se adaptar).

Parar pode ser de uma ‘utilidade horrível’, como diz meu irmão mais velho. Já sabia desde que pulava o muro da Escola Sebastião Fernandes pra gazear aula em mil novecentos e cocada, no milênio passado. Eu, não ele. Só pra ficar em casa sem fazer absolutamente nada. Tão bom o programa quanto raro, que só acontecia isso quando tinha aula insossa por demais.
Esse tempo era também de balançar em rede, organizando atrás das orelhas o circo de pulgas, botando os bichos-carpinteiros pra carpintar, espantando os grilos da cuca, ainda fresquinha, fresquinha.

Parar é bom. Necessário. Útil. Recomendável.
Uma tarde inteira sem dirigir, sem sair à rua, sem correr, sem caminhar. Uma tarde inteirinha pra fazer do tempo o que bem quiser, botar pingos nos is da dúvida, dormitar, reler, pensar em quem se gosta, devanear. Olhar tempo preparando chuva, bicho voando, folha caindo, passarim cantando, parede, punho de rede, sem usar a p do celular.

Parar é bom quando se pode parar.
Como quase nunca é, pra quem trabalha, a instituição do dia do Paro, em que pese a já absurda quantidade de feriados brasileiros, talvez não seja uma idéia de todo má.

2 comentários:

Mme. S. disse...

Parar. Eis aí um verbo que me interessa. (ei, eu estudei no Sebastião Fernandes!)

MgP disse...

êba!! vamos todas aderir, então!
nem que seja só pra honrar o nome do Tião velho de guerra. ;)