30.1.09

Causa & conseqüência

Um pai, uma mãe, quatro irmãos, duas irmãs, me foram dados.
Uma neta, uma filha.
Uma infância verde, de quintal cheirando a terra chovida.
Vida adulta conturbada, maturidade apaziguada.
Uns poucos e bons amigos – tão poucos, tão bons!
Amores, que passaram, que ficaram, que estarão.

Uma amiga-irmã e uma irmã-amiga, a morte me levou. Guardei seus nomes, retratos, imagens, muito antes da despedida. Foi-se também a avó, das bonecas de pano. Das colchas de retalho. Crochê. Tricô. Agasalho.

Uns sonhos moram em mim e me acalentam. Cabem em uma cidade - que não essa - beira-mar, beira-rio: cadeira de balanço na varanda, fim de tarde, cheiro de café no fogo, pão quentinho. Um pouco de frio.

Um coração espaçoso me restou e me acompanha, cada dia, todo dia.
É no vão dos tesouros que ele abriga,
onde - desde sempre - a solidão habita.





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6 comentários:

Fabiana Wazowski disse...

Belíssimo!!
No coração dos inquietos há sempre um vão,alguns segredos e tesouros secretos.

beijo.

MgP disse...

Sempre. Dos inquietos, incompletos, dos aflitos.
Obrigada, fulô.
beijo.

costa Junior disse...

felizes são aqueles que têm poucos bons amigos!

gerson assis disse...

Quero mais. Palavras como água que me recompõe e me dá a certeza de que não estou pisando no eterno desfiladeiro da incerteza.Vivamos o que há por vir.

Espelho dos sentidos disse...

Cheguei aqui por acaso, mais uma dessas garrafas de naufrago lançadas nesse mar virtual... Cheguei de mansinho, gostei e fui ficando... Lindo este texto! Me senti referenciada. Você escreveu por mim, pra em mim, com alguma matéria-prima de mim. Esteja feliz!!

MgP disse...

Obrigada. Boa essa troca, belo esse mar, muito bom encontrar garrafas com mensagens assim.