Um pai, uma mãe, quatro irmãos, duas irmãs, me foram dados.
Uma neta, uma filha.
Uma infância verde, de quintal cheirando a terra chovida.
Vida adulta conturbada, maturidade apaziguada.
Uns poucos e bons amigos – tão poucos, tão bons!
Amores, que passaram, que ficaram, que estarão.
Uma amiga-irmã e uma irmã-amiga, a morte me levou. Guardei seus nomes, retratos, imagens, muito antes da despedida. Foi-se também a avó, das bonecas de pano. Das colchas de retalho. Crochê. Tricô. Agasalho.
Uns sonhos moram em mim e me acalentam. Cabem em uma cidade - que não essa - beira-mar, beira-rio: cadeira de balanço na varanda, fim de tarde, cheiro de café no fogo, pão quentinho. Um pouco de frio.
Um coração espaçoso me restou e me acompanha, cada dia, todo dia.
É no vão dos tesouros que ele abriga,
onde - desde sempre - a solidão habita.
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6 comentários:
Belíssimo!!
No coração dos inquietos há sempre um vão,alguns segredos e tesouros secretos.
beijo.
Sempre. Dos inquietos, incompletos, dos aflitos.
Obrigada, fulô.
beijo.
felizes são aqueles que têm poucos bons amigos!
Quero mais. Palavras como água que me recompõe e me dá a certeza de que não estou pisando no eterno desfiladeiro da incerteza.Vivamos o que há por vir.
Cheguei aqui por acaso, mais uma dessas garrafas de naufrago lançadas nesse mar virtual... Cheguei de mansinho, gostei e fui ficando... Lindo este texto! Me senti referenciada. Você escreveu por mim, pra em mim, com alguma matéria-prima de mim. Esteja feliz!!
Obrigada. Boa essa troca, belo esse mar, muito bom encontrar garrafas com mensagens assim.
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