2.10.09

O relógio

São treze horas, a reforma proposta não se deu. A máquina de costura os panos dobrados os carretéis coloridos os jovens delinquentes o presidente deposto.
São treze horas a tarde nasce queimando miolos suores mediterrâneos canícula incipiente.
O ponteiro do relógio quebrado marca avisa indica, são treze horas.
Eram treze horas quando o diagnóstico ficou pronto: sociopatia, fragmentação, inteira irresponsabilidade consigo com o mundo com o próximo e o distante.
Ninguém comprou presentes enviou cartões felicitou amigos em seus cumpleaños, birthdays, aniversários. Ninguém juntou os trapos arrumou a mala entregou a chave o plano o projétil não disparado.
Eram treze horas o papel de parede os nus enchendo o teto a cama desfeita as peças no chão o amor naufragado o ponteiro quebrado o amargo o sal o gozo a raiva a dor.
Dando voltas no almoxarifado, onde está o martelo, onde está a britadeira, onde está a chave a chave que abre todas as portas a porta do inferno do sono do paraíso.

Passou o caminhão do lixo, os caminhões esmagam pessoas trituram dejetos percorrem as cidades do planeta freio buzina derrapagem partida chegada.
O caminhão do lixo triturou o que restou das engrenagens do ponteiro do vidro do relógio o que deixou o martelo.

Tenho um amigo, ele me disse, ele pensou, ele escreveu, eu repito. Amanhã falo de flores, amanhã, de primavera.


*****************************************************************************************

3 comentários:

marcos disse...

trinta segundos, que eu diria primeiros, para reafirmar minha admiração por tudo que voce escreve.
um cheirão.

Mme. S. disse...

Literatura regada a música. Ou seria o contrário?
Essa Maria Gadu é o bicho! (tá na novela das nove, sabia? risos). E tu tá na minha lista das tops, num tem jeito! e o verificador me diz "ousan". então tá!

MgP disse...

Marquito(suspeito), obrigada, querido.

Sheylinha, ousemos, vamos ousar!
beijo