Eu vou fazer uma canção de escárnio e maldizer, uma canção de mal-casada, uma canção bordada com fios de urtiga. E jogar na rede de intrigas.
Eu vou fazer uma canção medieval, um canto gregoriano, compor um jogral. E recitar na farra do Juízo Final.
Eu vou fazer um canto de trabalho, uma canção fabril. Com dois metros de seda javanesa, azul e encarnada, empurrar Diana de cima do muro pra brincar o Pastoril.
Eu vou fazer uma marselhesa brasileira, marcha-rancho libertária, um hino nacional. E entoar no próximo carnaval.
Eu vou fazer um canto de sereia, canto minimalista conjurando águas, sonoro haikai. E lançar sobre o fogo do Monte Sinai.
Mais poderia dizer. E não digo.
Se nem mesmo sei assoviar cantigas de amigo.
*******************************************************************************************
Ouvir rock, ver a chuva, beijar uns lábios, deitar com uma ou outra carne na cama e sentir o sexo. [...] Será que o rock, a chuva e o sexo não passam de infância e que só a infância presente existia? Só a infância presente existe! Lembre-se disto: só a infância presente existe!
(Jorge Mautner, Deus da Chuva e da Morte)
Minha canção há de brilhar na noite, no céu de uma cidade do interior.
(Objeto não identificado, Caetano Veloso)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Oi, minha querida! Obrigada pela gentileza... vc é um amor. Beijos. Hoje eu te linko bicha e vou acompanhá-la...
Linke com jeitinho, pra não doer ;)
Beijo, Eli. Obrigada a você.
"Uma canção bordada com fios de urtiga": imagem forte, dilacerante. Qual o seu norte? Vou espiar as outras postagens de seu blogue...
Um abraço.
Há uma história infantil, Moacy, de rapazes encantados em cisnes. A irmã deles precisa bordar túnicas com fios de urtigas. Só jogando as túnicas sobre os cisnes quebrará o feitiço. E ela sofre, mas tece. E joga. E quebra. E são felizes, então.
Obrigada pela visita. É sempre um prazer "vê-lo" aqui.
Um grande abraço.
Em tempo: o conto é de Andersen.
Postar um comentário