12.2.10
Navegar. Viver.
Ontem trouxe o barco para casa. O leme quebrado tinha conserto, o mastro horizontal, não.
Ainda assim, o vento enfunou as velas e partimos, em pensamento, risco grande de soçobrar.
Havia um rato morto no tanque, já duro, sobre o saco de estopa que um dia guardou livros. Pus ambos no lixo e se foram.
Sonhei a vida inteira com o barco. Ele chegou, enfim. Quebrado. Ainda assim, bonito de ver. Imponente, sobre a prateleira mais alta, augúrio de viagem, outros mares.
Os ratos abandonam o navio.
O capitão naufraga com ele.
O rato está morto.
O barco, quebrado.
No peito, um peso e uma dor.
Nas costas, uma dor.
No coração, uma dor.
Nos olhos, uma estrela.
E um pesar.
Pelo veleiro.
Pelo rato.
-------------------------------------------------------------------------------------
"Não precisa ir muito além dessa estrada
Os ratos não sabem morrer na calçada
É hora de você achar o trem
E não sentir pavor
Dos ratos soltos na casa
Sua casa."
(Lô Borges, Trem de doido)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
... Uma caravela!!!!
Se me convidar para velejar, eu vou!
Ei, e nosso encontro heim?
Está mais que convidada. É miniatura, mas a gente se encolhendo bem, cabe. ;)
O encontro tá de rosca, vamuvê se a gente destorce ele.
bjus,
Gosto muito dessa música... Sempre pego um trem pra Minas aqui... Além do barco e flecha, mastros e astros, par'além...
Besos!
Carito
e trens. de doidos. e nós neles.
;)
bjus e tapiocas,
m.
Postar um comentário